Créeme


Créeme,
cuando te diga que el amor me espanta,
que me derrumbo ante un "te quiero" dulce,
que soy feliz abriendo una trinchera.
Créeme,
cuando me vaya y te nombre en la tarde
viajando en una nube de tus horas,
cuando te incluya entre mis monumentos.
Créeme,
cuando te diga que me voy al viento
de una razón que no permite espera,
cuando te diga "no soy primavera,
sino una tabla sobre un mar violento".

Créeme,
si no me ves y no te digo nada,
si un día me pierdo y no regreso nunca.
Créeme,
que quiero ser machete en plena zafra,
bala feroz al centro del combate.
Créeme,
que mis palomas tienen de arco iris,
lo que mis manos de canciones finas.
Créeme,
créeme, porque así soy
y así no soy de nadie.

(Vicente Feliú)

Um fado a Marceneiro

26 junho, 25 anos sem Alfredo

À solta e desvairada a morte certo dia
Entrou no velho páteo e ali quase em segredo,
Num golpe traiçoeiro de raiva e cobardia,
Maldosa nos levou p'ra sempre o Ti Alfredo
Ao chorar das guitarras como se fosse um hino

Juntou-se a voz do povo de Portugal inteiro
Tinha morrido o rei fadista genuíno
O mais de todos nós o grande Marceneiro
Sua garganta rouca tinha o condão cubano

De nos dar fado a sério sem áis, sem fantasias
Se o fado para ser fado algum segredo tem
Então esse segredo só ele o conhecia
Sempre que a noite chega eu julgo ainda vê-lo

Fazendo a sua ronda p'los retiros de fado
De boné ou mostrando o seu farto cabelo
E o seu lenço varino ao pescoço ajustado
Recordo as suas birras e em grande cavaqueira

Seus ditos graciosos se bem disposto estava
E oiço até o seu riso no Cacau da Ribeira
Onde já madrugada sua ronda findava
De Alfredo Marceneiro eu guardo um disco antigo

E um retrato dos dois sobre um fundo bairrista
Um fado ao desafio que ele cantou comigo
E uma eterna saudade desse enorme Fadista

(canción: Fernando Farinha; pintura: Alfredo Duarte, nieto)

O louco / O lenço

Quiseste que eu fosse louco
P'ra que te amasse melhor
Mas amaste-me tão pouco
Que eu fiquei louco de amor
Assim arrasto a loucura
Perguntando a toda a gente
Se do amor, a tontura
Um louco tambem a sente
E se quizeres amar
Esta loucura mulher
Dá-me apenas um olhar
Que me faça endoidecer
Dá-me um olhar mesmo triste
Pois só nesta condição
Dou-te a loucura que existe
Dentro do meu coração
O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o.



O lenço que me ofertaste
Com o meu coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o
Ainda me lembro esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
No peito com fogo intenso
Esse acaso, hoje penso
Qual infantil receio,
Muito orgulhoso guardei-o
Lamento a minha loucura
Porque esse lenço o perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o meu
E por isso ele morreu
Quando o lenço foi rasgado
Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste
O que serve a dor incalma
Vesti de luto a minh’alma
Quando ao nosso amor faltaste
Beijos, sorrisos e afagos
Me deste. Hei-de esquecê-los
Pois os teus doces desvelos
Com meus beijos foram pagos
Teus olhos eram dois lagos
Lascivio era o teu seio
Foi tudo efémero enleio
Breve e fugaz ilusão
Magoaste-me o coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o

(Henrique Rêgo / Alfredo Marceneiro)

Antes e Depois


Minha guitarra é vaidosa
Mas vaidosa com encanto
Sente-se toda orgulhosa
Todas as vezes que canto
Alfredo, quando tu cantas
Cantas com tanta saudade
Eu sinto que tu encantas
Toda a minha mocidade
Dizem que o fado é desgraça
Fado é de muita gente
Mentira o fado não passa
O fado qualquer o sente
O fado é a voz do povo
Que com o povo nasceu
Tu és antigo e eu sou novo
Será meu como que foi teu
Entre fadistas de lei
Com meu concurso não falto
Tenho orgulho em ser de grei
Dos faias do Bairro Alto
A pesar de muito novo
Quando canto uma cantiga
Faço recordar ao povo
De fadistagem antiga
A minha pobre garganta
Já não tem a voz de outrora
Mas quando canta, ainda canta
Ao pé das vozes de agora
Quem sabe meu pioneiro
Sem nesta história não fica
O Alfredo Marceneiro
Junto ao miúdo da bica

(Fernando Farinha / Alfredo Marceneiro)

Adeus ó Serra da Lapa

Adeus ó Serra da Lapa
Adeus que te vou deixar
Ó minha terra ó minha enxada
Não faço gosto em voltar

Companheiros de aventura
Vinde comigo viajar
A noite é negra a vida é dura
Não faço gosto em voltar

Dou-te o meu lenço bordado
Quando de ti me apartar
Eu quero ir ao outro lado
Não faço gosto em voltar

O meu dinheiro contado
É para quem me levar
O meu caminho está traçado
Não faço gosto em voltar

Moirar a terra insegura?
Fugir da serra e do mar?
Meus companheiros de aventura
Tudo farei para salvar

(Zeca Afonso)

Como la cigarra


Tantas veces me mataron,
tantas veces me morí,
sin embargo estoy aquí,
resucitando.
Gracias doy a la desgracia
y a la mano con puñal
porque me mató tan mal,
y seguí cantando.
Cantando al sol como la cigarra
después de un año bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra.
Tantas veces me borraron,
tantas desaparecí,
a mi propio entierro fui
sola y llorando.
Hice un nudo en el pañuelo
pero me olvidé después
que no era la única vez,
y seguí cantando.
Cantado al sol como la cigarra
después de un año bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que viene de la guerra.
Tantas veces te mataron,
tantas resucitarás,
tantas noches pasarás
desesperando.
A la hora del naufragio
y la de la oscuridad
alguien te rescatará
para ir cantando.
Cantando al sol como la cigarra
después de un año bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra.

(María Elena Walsh)

Ruby Tuesday


She would never say where she came from
Yesterday don't matter if it's gone
While the sun is bright or
In the darkest night
No one knows
She comes and go
Goodbye Ruby Tuesday,
Who could hang a name on you?
When you change with ev'ry new day
Still I'm gonna miss you
Don't question why she needs to be so free
She'll tell you it's the only way to be
She just can't be chained to a
Life where nothing's gained and nothing's lost at such a cost
Goodbye Ruby Tuesday,
Who could hang a name on you?
When you change...
"There's no time to lose"
I heard her say
Catch your dreams before they slip away
Dying all the time
Lose your dreams and you will lose your mind
Ain't life unkind?
Goodbye Ruby Tuesday,
Who could hang a name on you?
When you change...

(canción: Mick Jagger / Keith Richards; foto: Robert Doisneau)

Desert Rose


I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in painI dream of love as time runs through my hand
I dream of fire
Those dreams are tied to a horse that will never tire
And in the flames
Her shadows play in the shape of a man's desire
This desert rose
Each of her veils, a secret promise
This desert flower
No sweet perfume ever tortured me more than this
And now she turns
This way she moves in the logic of all my dreams
This fire burns
I realize that nothing's as it seems
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in pain
I dream of love as time runs through my hand
I dream of rain
I lift my gaze to empty skies above
I close my eyes, this rare perfume
Is the sweet intoxication of her love
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in pain
I dream of love as time runs through my hand
Sweet desert rose
Each of her veils, a secret promise
This desert flower,
No sweet perfume ever tortured me more than this
Sweet desert rose
This memory of Eden haunts us all
This desert flower, this rare perfurme
Is the sweet intoxication of the fall

(Sting)

Para una imaginaria María del Carmen

María del Carmen debió haber nacido
en Vertientes, aquí, hace veinte años y pico.
María del Carmen atraviesa el parque
y todos los ojos le halan el vestido.
María del Carmen revuelve la tarde
del pueblo pequeño que ve como pasa.
María del Carmen, el recién llegado
descubre en seguida lo mucho que faltas.
A María del Carmen la envuelven los ruidos
que salen del tándem inglés del central.
A María del Carmen el pelo y la piel
de seguro le huelen a miel residual.
María del Carmen, tan limpia y tan libre,
limpia de ser virgen, libre de prejuicios.
María del Carmen, tu entrega es total
porque a ti los misterios te sacan de quicio.
María del Carmen puede conversar
sobre la economía y sus ojos son anchos.
María del Carmen me mira el anillo
en la mano derecha y sonríe despacio.
María del Carmen no piensa en los trapos,
ni en lazos, ni en cintas, ni en viejas muñecas.
María del Carmen olvida a los novios,
la Patria es quien toca de noche en su puerta.
María del Carmen conoce la iglesia,
sabe donde está, pero no la visita.
María del Carmen se asombra con todo,
pero si la miran no baja la vista.
María del Carmen, aunque no te he visto,
podría pintarte en todos tus detalles.
María del Carmen, será inevitable
que un día tropiece contigo en la calle.
María del Carmen, si llego a encontrarte
tendré, de seguro, que amarte y amarte y amarte.

(canción: Noel Nicola; foto: Alfred Eisenstaedt)


Noite

Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meus casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei
Sou da noite um filho noite
Trago rugas nos meus dedos
De guardarem os segredos
Nas altas pontes do amor
E canto porque é preciso
Raiar a dor que me impele
E gravar na minha pele
As fontes da minha dor
Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meus casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei
Oh minha mãe de arvoredos
Que penteias a saudade
Com que vi a humanidade
A minha voz soluçar
Dei-te um corpo de segredos
Onde arrisquei minha mágoa
E onde bebi essa água
Que se prendia ao luar
Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meus casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei

(canción: Vasco Lima Couto / Max; foto: Brassaï)

Habana mía


Las guapas por los balcones,
los negros que se remangan,
huele a tabaco y malanga,
sabe a tostón y congrí.
Un príncipe de la danza,
sobre sus piernas de atleta,
ensaya su pirueta,
su grand jeté cinco mil.
El mago de las finanzas,
el as de la bicicleta,
resuelve su papeleta,
cambio jabón por café.
Hoy papas por camisetas,
mañana tengo galletas,
pasado, vete a saber.
Y pongo punto y aparte,
ni de noche ni de día,
que tu risa no me falta,
Habana mía.
La furia del dios Caribe,
los días que se suceden,
dejaron en las paredes
todos los tonos del gris.
La mano niña que pinta,
como lo mandan los sueños,
un autobús que la lleva
de centro Habana a Madrid.
Como que la luna es blanca
y la ternura es morena,
bendita sabe la cena
sobre el pagano mantel.
Los besos que se repiten
sobre el eterno remite
de un corazón de papel.
Que pone punto seguido,
ni de noche ni de día,
qué poca cosa te pido,
Habana mía.
La mirada impenetrable,
las llagas de la memoria,
las caricias que la gloria
ya no quiere repartir.
En el jardín donde crecen
las flores de la paciencia,
el árbol de la prudencia,
el reino del colibrí.
Es el delirio habanero,
dinero que no es dinero,
manisero sin maní.
Y pongo puntos suspensivos,
ni de noche ni de día,
ya sabes que no te olvido,
Habana mía.

(Javier Ruibal)

Gli uccelli


Volano gli uccelli volano
nello spazio tra le nuvole
con le regole assegnate
a questa parte di universo
al nostro sistema solare.
Aprono le ali
scendono in picchiata atterrano
meglio di aeroplani
cambiano le prospettive al mondo
voli imprevedibili ed ascese velocissime
traiettorie impercettibili
codici di geometria esistenziale.
Migrano gli uccelli emigrano
con il cambio di stagione
giochi di aperture alari
che nascondono segreti
di questo sistema solare.

(Franco Battiato)

La vida amurallada


Todos los caminos son de arena y las carreteras esperan por ti
Detrás del pañuelo se me quema la esperanza de poder verte reír
Quedan perros muertos en la acera, soy una flor seca a punta de fusil
Hay un cielo que revienta estrellas y en las cárceles duermen sospechas hoy
Y los niños juegan a la guerra, yo soy la raíz de la tierra en que estoy
Quedan hombres muertos en la acera y el futuro tira piedras al convoy
Y la vida amurallada, y la muerte es el despertador
Y la luna tan callada que se pone roja de rubor
Y el hombre sólo palabras, se hace viejo cuando sale el sol
Y la vida que se escapa, ¿en qué bala está tu corazón?
Todas las heridas son la misma sangre
No valen trincheras cuando aprieta el hambre
Nunca tus pupilas pueden ser vencidas
Un mundo en silencio es un mundo homicida
Yo le grito al aire, que te dé la vida
Los enamorados tan distantes como están los tanques del sepulcro aquel
Que guarda las bombas de un gigante que nos acribilla contra la pared
Cielo ven a verme a la alambrada, traigo agua de lluvia pa calmar la sed
Y la vida amurallada, y la muerte es el despertador
Y la luna tan callada que se pone roja de rubor
Y el hombre sólo palabras, se hace viejo cuando sale el sol
Y la vida que se escapa, ¿en qué bala está tu corazón?

(Carlos Chaouen)

No quiero que toquen en mi puerta


Que no quiero que toquen en mi puerta.
No quiero que toquen en mi puerta.
No tengo paciencia ni cabales,
que tanta jodienda me molesta.
Yo puse el letrero que no hay nadie.
Lo que tú vendes no me interesa,
no sigas buscando que me embale,
no quieras probar sin anestesia
lo que es galletón de carnavales.
Que no quiero que toquen en mi puerta.
No quiero que toquen en mi puerta.
Yo tengo mis propios ideales,
no le voy a abrir al religioso
ni a los trabajadores sociales.
A mí, la verdad, no hay quien me entienda.
Yo vengo de barrios marginales,
y el que trate de ponerme las riendas,
lo pongo a bucear el Almendares.
Oye, sabiduría me sobró para entender
con quién sembrar y con quién debo recoger,
quién me engañó.
Y mira, me vi silvestre como hierba de solar,
no es necesario que me vengan a enseñar
cómo vivir.
Que yo no quiero que toquen en mi puerta.
No quiero que toquen en mi puerta.
No doy opiniones ni detalles,
yo saqué mis propias conclusiones,
yo soy un ásere de la calle
que no trago a los comecandelas
ni a los policías orientales.
Respeto a los hombres de principios
si saben llegar a los finales.

(canción: Erick Sánchez; foto: Gonzalo HY)

Río abajo


Ha llegado el momento de que
me siente en el camino a esperar,
desnudo como un mapa de mí,
redondo como un pozo y su sed,
sencillo como un trozo de pan.
Y hacer las paces con el hombre que me crece dentro de la oscuridad,
comprar dos bueyes para ararme el pecho,
tocar el agua, conocer su lengua, dejarme llevar.
Ha llegado el momento de que
me siente en el camino a esperar,
abierto como deja el dolor,
directo como un golpe de luz,
bastante como un poco de paz.
Y hacer las paces con el hombre que me crece dentro de la oscuridad,
comprar dos bueyes para ararme el pecho,
tocar el agua, conocer su lengua, dejarme llevar.
Ha llegado el momento de que
me siente en el camino a esperar,
descalzo como el fondo del pie,
humano como el verbo reír,
primario como buen animal,
callado para oírte mejor,
antiguo como el paso del tren,
profundo como el Apurímac,
amante para sobrevivir.
Y hacer las paces con el hombre que me crece dentro de la oscuridad,
comprar dos bueyes para ararme el pecho,
tocar el agua, conocer su lengua, dejarme llevar.
Ha llegado el momento de que me siente en el camino a esperar.

(canción: Nacho Artacho; foto: Gonzalo HY)

Quién fuera


Estoy buscando una palabra
en el umbral de tu misterio.
¡Quién fuera Alí Babá!
¡Quién fuera el mítico Simbad!
¡Quién fuera un poderoso sortilegio!
¡Quién fuera encantador!
Estoy buscando una escafandra,
al pie del mar de los delirios.
¡Quién fuera Jacques Cousteau!
¡Quién fuera Nemo, el capitán!
¡Quién fuera el batiscafo de tu abismo!
¡Quién fuera explorador!
Corazón obscuro,
corazón con muros,
corazón que se esconde,
corazón que está donde,
corazón en fuga,
herido de dudas de amor.
Estoy buscando melodía
para tener como llamarte
¡Quién fuera ruiseñor!
¡Quién fuera Lennon y McCartney,
Sindo Garay, Violeta, Chico Buarque!
¡Quién fuera tu trovador!

(Silvio Rodríguez)

La canzone dell'amore perduto


Ricordi sbocciavan le viole
con le nostre parole
"Non ci lasceremo mai, mai e poi mai",
vorrei dirti ora le stesse cose
ma come fan presto, amore, ad appassire le rose
così per noi
l'amore che strappa i capelli è perduto ormai,
non resta che qualche svogliata carezza
e un po' di tenerezza.
E quando ti troverai in mano
quei fiori appassiti al sole
di un aprile ormai lontano,
li rimpiangerai
ma sarà la prima che incontri per strada
che tu coprirai d'oro per un bacio mai dato,
per un amore nuovo.

(canción: Fabrizio De André; foto: Jan Saudek)

Tomando café

Te veo tomando café
como desde hace tantos años
y me resulta inevitable
decirte que te amo.
Que se me antoja recordar
el fuego que hemos olvidado,
que por debajo de la mesa
se den vuelo nuestras manos.
Y rodar y rodar por el suelo
enredado en la maraña de tu pelo,
y levantarnos para hacernos monumento
al amor, a la lujuria y al deseo.
Y verte sonreír
con ese gesto de quien sabe que ha pecado,
y volver a sentir
esas piernas que se doblan de cansancio.
Te veo tomando café
como desde hace tantos años
y se me hace agua la boca
y te me sigues antojando.
Me dices no sé bien qué
mientras yo estoy en otro lado
imaginando que tu boca
se abre y me va tragando.
Y rodar y rodar por el suelo
asomándome al vacío de tus pechos,
y levantarnos para hacernos monumento
al amor, a la lujuria y al deseo.
Y verte sonreír
con ese gesto de quien sabe que ha pecado,
y volver a sentir
las rodillas y los codos lastimados.

(canción: Carlos Arellano; pintura: Gil Gamundi)

Cuando aparezca el petróleo


Cuando aparezca el petróleo
y la cosa no esté tan dura,
cuando se acabe el bloqueo
y florezca la agricultura.
Cuando la base naval
sea una playa de oriente
y en las Naciones Unidas
un cubano sea presidente.
Cuando la ley asesina
no se trague a mis hermanos,
cuando ya no nos condenen
por los derechos humanos.
Cuando la Unión Europea
nos levante las sanciones
y cuando todo no sea
de hacerlo “a pepe cojones”.
Cuando en Miami la mafia
se quede sin el padrino
y aquí sigamos cambiando
de los rusos pa’ los chinos.
Yo quiero que a mí me digan
cómo será la tajada,
a mí, que canto bonito,
que me canten la jugada.
Porque yo soy un cubano
de la raza paranoica
que vengo oyendo lo mismo
desde antes de la Perestroika.
Que mi proyecto de vida
lo vivo en cámara lenta,
y no voy a hablar del absurdo
ni del precio de la tienda.
Yo quiero que, cuando enciendan
la nueva refinería,
respeten más mi criterio
y no piensen que es bobería.
Porque al final…
No se vive tanto en cuarentena.
No sé si mi coro te suena.
No se vive tanto en cuarentena.
Tú allá en el agua y yo en la arena.
No se vive tanto en cuarenta.
Ya ayer lo vimos por la antena.
No se vive tanto en cuarentena.
Y hasta a Chan Chan le daba pena
oír los cantos de sirena:
bla bla bla bla bla bla bla bla...
No se vive tanto en cuarentena.
No sé si mi coro te suena.
No se vive tanto en cuarentena.
Aquí en el barrio es la condena.
No se vive tanto en cuarenta.

(canción: Erick Sánchez; imagen: película Habana Blues, 2005 - Benito Zambrano)

Canción para dormir a un viejo


Abierto reposa el viejo en su sillón,
mira la calle, dice palabras
que sobreviven sólo en su voz.
Repisas y jaulas, lo deben amortajar,
porque sus sueños, secos y ajados,
de donde yacen, no volverán.
Lo veo y casi quisiera darle una flor,
pero la historia de este planeta
no va a caberme en una canción.
Si existe consuelo, consiste en comprender
que cuando a un niño le queda corta
una camisa es de crecer.


(canción: Silvio Rodríguez; imágenes: película Smultronstället, 1957 - Ingmar Bergman)

Siesta


Yo que conozco tu cuerpo
mejor que nadie en la vida
descubro bajo tu brazo
fragancias dulces que incitan
a que cierre las persianas
y acaricie tu colina
que despierta mis deseos
en la siesta de la isla.
Y nuestros cuerpos se hundan,
desnudos en la sombrita.
Cae la blusa de lo alto,
“quítame todo”, decías,
como borrachos de ganas,
ocurre todos los días,
respirar de esta manera
los dos vientres que palpitan
ambos buscando su centro,
antesala de caricias.
Y de nuevo sorprenderse
del mundo de las delicias.
En tus brazos y los míos
perlas de pasión transitan,
el vaivén de las caderas,
un corazón que se agita,
sube y baja la marea,
vuelve mil veces, respira,
sal y yodo entre tus piernas,
alimenta y debilita.
Y estallo como una ola
en tu caleta bendita.
Después de habernos amado
sin restricción ni mentiras,
me inclino a beber el agua,
nuestras rodillas vacilan,
volver de a poquito al mundo
con la pupila lejana,
cansancios de navegantes
que arribaron a la playa,
cruzando los siete amores,
felices de la batalla.

(letra: Ángel Parra; pintura: J. Zapata)

Límites


En la ciudad
el pulso de la soledad.
Detrás de ti
la noche larga de abril.
Puedes tocar
cometas en la oscuridad.
Alrededor
siempre es presente en el reloj.
Amanecer
tu luz al nacer.
Allá en el sur
el cielo añade láminas de azul.
Y esta claridad
te hace pensar
que no tiene límites tu cuerpo
ni orillas el mar.
Todo está aquí
con ritmo y música feliz.
Aquí la unión
de lo creado con la creación.
Sombras se van
sentidos a la libertad.
Fuego y metal
aire que gira sobre el mar.
Amanecer
tu luz al nacer.
Allá en el sur
el cielo añade láminas de azul.
Y esta claridad
te hace pensar
que no tiene límites tu cuerpo
ni orillas el mar.

(canción: Pablo Guerrero; foto: E. Pajares)

Flor de jara


Haz descender una estrella
que bañe mi cuerpo con toda su luz.
Tráeme paisajes de encina;
en tus ojos, un verde pintado de azul.
Limpia de nubes mi cielo,
llena mis horas de miel.
Tú, mi lucero, mi flor de jara,
ven…
Haz descender una estrella
que bañe de plata el último sol.
Tráeme cerezas, granadas;
de labios, destellos en tu corazón.
Dame tu olor de manzana,
brezo y tomillo en mi piel.
Tú, mi lucero, mi flor de jara,
ven…
Haz descender una estrella
que bañe la luna de otro amanecer.
Tráeme simiente de vida;
en tus brazos, la fuerza de todo tu ser.
Quiéreme incienso y retama,
surco y barbecho en tus pies.
Tú, mi lucero, mi flor de jara,
ven…

(Luis Pastor)

Sogna, ragazzo, sogna

a mi primo Santito

E ti diranno parole
rosse come il sangue, nere come la notte;
ma non è vero, ragazzo,
che la ragione sta sempre col più forte:
io conosco poeti
che spostano i fiumi con il pensiero,
e naviganti infiniti
che sanno parlare con il cielo.
Chiudi gli occhi, ragazzo,
e credi solo a quel che vedi dentro;
stringi i pugni, ragazzo,
non lasciargliela vinta neanche un momento;
copri l'amore, ragazzo,
ma non nasconderlo sotto il mantello:
a volte passa qualcuno,
a volte c'è qualcuno che deve vederlo.
Sogna, ragazzo, sogna
quando sale il vento nelle vie del cuore,
quando un uomo vive per le sue parole
o non vive più;
sogna , ragazzo, sogna,
non lasciarlo solo contro questo mondo,
non lasciarlo andare, sogna fino in fondo,
fallo pure tu!
Sogna, ragazzo, sogna
quando cala il vento ma non è finita,
quando muore un uomo per la stessa vita
che sognavi tu;
sogna, ragazzo, sogna,
non cambiare un verso della tua canzone,
non lasciare un treno fermo alla stazione,
non fermarti tu!
Lasciali dire che al mondo
quelli come te perderanno sempre:
perché hai già vinto, lo giuro,
e non ti possono fare più niente;
passa ogni tanto la mano
su un viso di donna, passaci le dita:
nessun regno è più grande
di questa piccola cosa che è la vita.
E la vita è così forte
che attraversa i muri per farsi vedere;
la vita è così vera
che sembra impossibile doverla lasciare;
la vita è così grande
che "quando sarai sul punto di morire,
pianterai un ulivo,
convinto ancora di vederlo fiorire"
Sogna, ragazzo, sogna,
quando lei si volta, quando lei non torna,
quando il solo passo che fermava il cuore
non lo senti più;
sogna, ragazzo, sogna,
passeranno i giorni, passerà l'amore,
passeran le notti, finirà il dolore,
sarai sempre tu...
Sogna, ragazzo, sogna,
piccolo ragazzo nella mia memoria,
tante volte tanti dentro questa storia:
non vi conto più;
sogna, ragazzo, sogna,
ti ho lasciato un foglio sulla scrivania,
manca solo un verso a quella poesia,
puoi finirla tu.

(canción: Roberto Vecchioni; foto: Gonzalo HY)