Para María, cuando llegues
(Nacho Artacho)
"Vaporcito, vaporcito, vaporcito... que nos lleva en su vaivén"
Naquele trilho secreto,
Com palavra santo e senha.
Eu fui língua e tu dialecto.
Eu fui lume, tu foste lenha.
Fomos guerras e alianças,
Tratados de paz e passangas.
Fomos sardas, pele e tranças,
Popeline, seda e ganga.
Recordo aquele acordo
Bem claro e assumido:
Eu trepava um eucalipto
E tu tiravas o vestido.
Dessa vez tu não cumpriste,
E faltaste ao prometido.
Eu fiquei sentido e triste.
Olha que isso não se faz.
Disseste se eu fosse audaz,
Tu tiravas o vestido,
E o prometido é devido.
Rompi eu as minhas calças.
Esfolei mãos e joelhos.
E tu reduziste o acordo,
A um montão de cacos velhos.
Eu que vinha de tão longe,
Do outro lado da rua.
Fazia o que tu quizesses,
Só para te poder ver nua.
Quero já os almanaques.
Do Fantasma e do Patinhas,
Os Falcões e os Mandrakes.
Tão cedo não terás novas minhas.
Dessa vez tu não cumpriste,
E faltaste ao prometido.
Eu fiquei sentido e triste.
Olha que isso não se faz.
Disseste se eu fosse audaz,
Tu tiravas o vestido,
E o prometido é devido.
(canción: Carlos Tê / Rui Veloso; foto: Gonzalo HY)
Camarón de la Isla (m. 2 de julio de 1992)
La luna vino a la fragua
con su polisón de nardos;
el niño la mira mira,
el niño la mira mira,
el niño la está mirando.
Niño, mira que te traigo:
un martillito de plata.
Luna, no quiero martillo,
luna, no quiero martillo,
dale un duende a mi garganta.
Y la luna se lo dio, bendita sea:
y el chiquillo se durmió, ea la ea.
Duende, “pa” mi garganta
los duendes, duende,
“pal” corazón de gitano
yunque, clavos y alcayatas.
Muerte, qué vienes buscando, muerte.
Deja tranquilo al hermano,
déjalo no seas ingrata.
Hoy la fragua huele a muerte
y a tu tumba otra vez vengo;
ya sé que no puedo verte,
vengo a partirme la camisita que tengo.
(Paco Rosado - El bache, 1993)