Evocação de Lisboa / Lisboa, menina e moça

a Nacho Artacho

Lisboa à beira-mar, cheia de vistas,
ó Lisboa das meigas procissões!
ó Lisboa de irmãs e fadistas!
ó Lisboa dos líricos pregões!
Lisboa com o Tejo das conquistas,
mais os ossos prováveis de Camões!
Ó Lisboa de mármore! Lisboa
quem nunca te viu, não viu coisa boa!
(Evocação de Lisboa, António Nobre)


No Castelo ponho um cotovelo
Em Alfama descanso o olhar
E assim desfaço o novelo
De azul e mar.
À Ribeira encosto a cabeça
Almofada na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo.
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem, tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura.
Cidade a ponto luz, bordada
Toalha à beira-mar, estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida.
No Terreiro eu passo por ti
Mas da Graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha sorri
És mulher da rua.
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar.
(Lisboa, menina e moça, Ary do Santos)

(foto: Gonzalo HY)

2 comentarios:

momo dijo...

ohhh no sabes la alegria que he sentido esta mañana al encontrar tantos poemas de ARY, me dejas linkearlos a la entrada que hice sobre él.
un abrazo desde Madrid otra orilla pero muy cerca

El Vaporcito dijo...

Engrandeció el fado.
Claro, puedes "linkearlos".
Un saludo.